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Equipamentos de Mergulho Profissional

Pedro Paulo Cunha

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Luciana - Superlite 03d.GIF (30411 bytes)Embora muitos vejam o mergulho comercial como uma carreira romântica em buscas de tesouros submersos em ilhas do Pacífico, a verdade é bem diferente. A maior parte dos trabalhos é realizada em ambientes bem menos interessantes como plataformas de petróleo, reatores nucleares, portos e obras civis como pontes, represas e estações de tratamento de esgoto. O mergulho é apenas uma forma de levar um trabalhador especializado para o local onde ele é necessário: debaixo d´água ou de outro líquido qualquer…

Assim, um mergulho comercial é diferente do tipo de mergulho que os amadores conhecem. O mergulhador desce com uma finalidade específica, como soldar uma determinada peça, cortar uma seção de um naufrágio que representa perigo à navegação ou inspecionar uma estrutura submersa. Muitas vezes o mergulhador passa diversas horas em um mesmo lugar, até que sua tarefa esteja completada ou ele seja substituído por outro mergulhador.

O equipamento utilizado pelos profissionais reflete estas diferenças. O escafandro clássico com seu capacete de bronze e botas de chumbo foi aposentado no final dos anos 60 (pelo menos na maior parte do mundo) e substituído por equipamentos mais modernos e eficientes.

Quando um mergulhador recreativo compra um equipamento novo, ele procura por um regulador que forneça um suprimento adequado de ar e uma roupa que o mantenha aquecido durante a duração do mergulho, ao mesmo tempo que o protege do contato com objetos que possam ser encontrados no fundo. O equipamento moderno de mergulho comercial busca as mesmas funcionalidades mas em um nível muito maior. Afinal, não é tão simples assim fornecer gás e proteger do frio por 4 horas um mergulhador a 350 m de profundidade em águas com temperaturas próximas a 0°C …

 

Mergulho Dependente

A primeira diferença que se nota entre o mergulho comercial e o recreativo é no suprimento de mistura respiratória (ar, nitrox, heliox, trimix, etc). Apesar de o equipamento autônomo comum (cilindro e regulador) ser utilizado em alguns casos, na maioria das vezes o mergulhador recebe a mistura respiratória através de um umbilical que o liga à superfície, no chamado mergulho dependente.

Como o mergulhador precisa de pouca mobilidade no fundo, o umbilical traz diversas vantagens. A principal é um suprimento de gás praticamente ilimitado (um cilindro comum duraria menos de 4 minutos a 300 m de profundidade). Além disto, o umbilical permite que o mergulhador permaneça 100% do tempo em contato com a superfície e além do gás, pode levar também água quente (para aquecimento), comunicações (fonia e vídeo) e uma mangueira adicional para o pneumofatômetro, um instrumento bastante simples que permite à equipe de superfície medir a profundidade do mergulhador. Os umbilicais mais complexos chegam a ter 10 componentes e são grandes, pesados e de difícil manuseio.

Como contingência caso ocorra o rompimento do umbilical, o mergulhador leva também um cilindro (chamado de bail-out) que permite seu retorno à superfície ou ao sino de mergulho. Nos mergulhos mais profundos, este cilindro pode ser substituído por um equipamento de circuito fechado (rebreather).

Para controlar tudo isto, é preciso uma estação de controle. As mais simples são do tamanho de uma maleta e controlam o fluxo de gás, comunicações e o pneumofatômetro para um ou dois mergulhadores. As mais complexas ocupam trailers ou containers inteiro e controlam complexos de saturação para 4 mergulhadores ou mais.

 

Máscara e Capacete

Luciana - AGA 01.JPG (13407 bytes)A máscara de mergulho tradicional só é utilizada nos trabalhos mais simples. Na maioria das vezes, os mergulhadores usam as máscaras full-face (que cobrem todo o rosto) ou capacetes. Novamente, as vantagens superam as desvantagens: full-faces e capacetes oferecem uma comunicação praticamente perfeita com a superfície e permitem que o mergulhador respire pelo nariz e pela boca mesmo quando desacordado. Os capacetes tem as mesmas vantagens das máscaras full-face, além de manter a cabeça do mergulhador seca (reduzindo a perda de calor e evitando o contato com águas contaminadas) e oferecer proteção contra impactos (especialmente importante quando trabalhando em ambientes confinados).

Alguns capacetes e máscaras trabalham com um fluxo contínuo de gás (free-flow), enquanto outras incorporam um regulador de demanda para controlar o fluxo de gás conforme as necessidades do mergulhador. Os capacetes mais sofisticados são capazes de recuperar o gás exalado pelo mergulhador e recircula-lo após purificação, como em um rebreather. Para mergulhos em águas muito frias em águas geladas, as máscaras e capacetes podem ser equipados com um sistema para aquecer o gás, reduzindo a perda de calor pela respiração (agravado com o uso de hélio).

Existem dois tipos de máscaras full-face: as "leves" (como a Divator ou a DSI Exo-26), geralmente feitas de plástico e utilizadas principalmente em mergulhos rasos e as "pesadas" (como a DSI KMB-18), mais comuns e com estrutura de fibra de vidro.

Os capacetes mais comuns são os fabricados pela Diving Systems International (DSI) dos EUA, da série Superlite. Feitos de fibra de vidro, estes capacetes vem equipados com sistemas de comunicação, máscara oral-nasal (para evitar acúmulo de CO2 em seu interior), permitem a conexão de dois suprimentos de gás independentes e podem ser usados com roupa úmida ou de água quente (através de um selo de neoprene no pescoço) ou acoplados diretamente a uma roupa seca, formando um conjunto completamente estanque para uso em águas contaminadas. No entanto, capacetes como o Superlite 17 são relativamente pesados, o que torna seu uso bastante desconfortável fora d’água; dentro d’água eles são praticamente neutros.

 

Roupas

Luciana - AGA 02.JPG (9324 bytes)O mergulhador comercial pode escolher entre diversos tipos de roupas dependendo do mergulho. Nos mergulhos rasos, em águas quentes ou de curta duração, a roupa úmida normal é a opção mais comum. Para mergulhos em águas contaminadas ou mais frias, roupas secas feitas de material mais grosso que o encontrado nas feitas para uso recreativo são uma alternativa.

Mas é nos mergulhos mais fundos ou em águas mais frias que as diferenças são maiores: nestes casos, os mergulhadores utilizam as roupas de água quente. Folgadas e feitas de um material semelhante ao das roupas úmidas, as roupas de água quente possuem uma rede interna de tubos perfurados que distribuem um fluxo constante de água quente pelo corpo do mergulhador. A água é aquecida na superfície e chega pelo umbilical ao mergulhador, que controla a vazão (e consequentemente a temperatura) através de uma válvula.

 

Arsenal de Ferramentas

Todo este equipamento serve apenas para colocar o mergulhador no fundo, mante-lo lá e descomprimi-lo com segurança. Para que possa realizar a tarefa para qual foi designado, o mergulhador conta com um verdadeiro arsenal de ferramentas especiais, que vão desde a chave inglesa tradicional até sofisticadíssimos equipamentos de inspeção, passando por ferramentas hidráulicas e pneumáticas, equipamentos de corte e solda, jatos d’água para remover detritos e camaras de vídeo e fotográficas.

É bom lembrar que o mergulho comercial é uma atividade complexa e que demanda dedicação e treinamento especial. Cada tarefa é um desafio em um ambiente hostil e mergulhadores recreativos, por mais capacitados que sejam, simplesmente não estão aptos a realizar trabalhos debaixo d’água.

 

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